Monday, October 16, 2006

Soneto de fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

(By Vinicius de Moraes)

Friday, July 28, 2006

Mais um soneto de Camões


Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.


Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.


Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.


Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.

(Luiz Vaz de Camões)

Wednesday, July 12, 2006

Transforma-se o amador na coisa amada...

Transforma-se o amador na coisa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.

Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim como a alma minha se conforma,

Está no pensamento como ideia;
E o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.


Camões

Friday, February 24, 2006

ESQUECIDO

Sabes o que sinto por ti!
Por isso tu me esqueces
Tu me tratas assim.
Fico perdido
Como cego em tiroteio
Lembrado apenas
Em teus contatos de e-mail.
Os dias passam
E a história se repete...
Ainda te encontro
Às vezes na internet.
Mas acho muito pouco...
Um universo cibernético
De conteúdo oco...
Não se compara
Ao que eu sinto por ti.
Tu devias me desejar
Beijar-me, tocar em mim.
Ou me mostrar a razão...
De me tratares assim.



Prof. Ribeiro!