Sunday, July 17, 2005

Os Sete Pecados Capitais

Sete pecados capitais: luxúria e gula

Comer não é pecado. Sexo também não é pecado. Mas, tudo que se faz em excesso, e sem preocupação consigo mesmo e com o sentimento das outras pessoas, traz problemas e sofrimento. E o que existe em comum entre quem pratica a gula e a luxúria? Segundo o escritor e jornalista gaúcho Luís Fernando Veríssimo, todos os pecados são pecados de excesso. Mas na gula, o efeito é mais evidente. Ele sempre foi um famoso apreciador da boa mesa. "Fui obrigado a não ser mais um glutão por problemas cardíacos. Eu era apaixonado por doces."Veríssimo discorreu sobre o pecado da gula no livro O Clube dos Anjos. "É o pecado mais persistente. Com a idade, acaba o desejo sexual, a luxúria, a vaidade, mas a fome continua." No romance, o clube é uma confraria de amigos, quase todos com nomes de apóstolos, que voltam a se reunir depois da entrada de um novo integrante, um exímio cozinheiro, cujo nome (Lucídio) lembra o de Lúcifer, um dos nomes do diabo. A cada encontro, morre um dos integrantes. Os personagens do livro não resistem a se fartar do prato preferido, mesmo sabendo que aquela pode ser uma refeição no corredor da morte. Os pecados capitais se caracterizam por serem ações ou sentimentos que fogem à razão. Psicólogos afirmam que a gula é uma dívida. Teoricamente, o mundo tem que dar mais do que recebemos.Talvez o pecado capital que tenha mais afinidade com a gula seja a luxúria. O comportamento dos que cometem esses pecados tem algumas semelhanças: ambos são compulsivos e as pessoas se viciam num prazer muito momentâneo.Luxúria é o grande bacanal. A promiscuidade não é luxúria, mas o sexo grupal sem nenhuma preocupação com nada, a leviandade que é levada a sexualidade, a gravidez, os riscos de doença e tudo mais. É o exercício brutal do pleno prazer.Esse é o ambiente encontrado em casas de swingue, comuns em SP. Nesses lugares, ocorrem a troca de casais. Todos esses prazeres escravizam o pecador. Eles acabam sendo escravos do seu próprio desejo. Não conseguem dominá-lo, controlá-lo. No estúdio, Ana Maria conversou com Rita Cadillac, atriz e dançarina, e Contardo Calligaris, psicanalista, expert em assuntos da alma humana. Calligaris está escrevendo uma peça que tem relação com luxúria, baseada nos seus 30 anos de clínica.Ambos concordam que a luxúria e a gula são dificilmente resistíveis. Às vezes, para renunciar às fantasias sexuais, a pessoa acaba se enchendo de chocolate. A gula é compensatória, primitiva. O prazer oral é o primeiro prazer que a gente experimenta, o que o torna difícil de resistir. Além de comida, a gula está relacionada a cigarro e álcool (é o prazer da boca). A gula é um recurso para abafar uma frustração de qualquer tipo. Traz sensação do conforto porque lembra a amamentação, o aconchego do peito materno. As fantasias sexuais não são infinitas. A maior parte está relacionada ao poder. No mundo moderno, todos podem sonhar com o poder e isso contamina o erotismo, marcado pela necessidade de dominar ou ser dominado.


(Retirado do site: golbo.com/maisvoce)

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